sábado, 20 de novembro de 2010

Ode à Noite

Não sei fazer poesia, infelizmente... ou não....

Minha mente trabalha na prosa, na prosa desta noite, tão doce, fria, tão quente e sedutora.
Quem me dera viver na noite a cada dia, curtir a liberdade da escuridão e seus mistérios.
Ah, a noite, a companheira perfeita para a solidão e para a companhia, nela tudo tem seu sentido, a dor é mais intensa e a alegria mais verdadeira, o amor é mais puro e o ódio mais cego.
A noite... mãe de todas as canções, todas as notas, pai de todas as poesias, dos jovens tuberculosos que cospem sangue de tanto amar, da juventude que sonha e daqueles que nada mais querem.
Noite dos amigos, dos amores e dos amantes....

traga a luz para aquilo que o dia esconde, nos deixe ser apenas humanos, nos permita libertar tudo o que a luz do dia encobre e que a hipocrisia não aceita.... Querida Noite, que me trás a lembrança da amada e em outro copo de uísque mergulha minha sanidade em parceria com meu coração shakespeareano, árcade, surreal, niilista, romântico, moderno, contemporâneo, todo teu e dela...

Feliz a morte em teus braços e a vida em tuas veias....

Seja apenas você, e deixe que o resto é com cada um de nós, perdidos em teus segredos... Duas, três, quatro, cinco ou seis horas, não importa pois tudo é perfeito até o sol chegar.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Macartismo e o Ensino Médio.


Ao longo de minha vida e muitos livros lidos desenvolvi uma verdadeira paixão pelo mundo humano, pela organização da humanidade, seus conhecimentos e sua história, talvez exatamente por isso, nesta noite percebo o quanto é desprazeroso ir ao colégio todas as manhãs...Vou explicar...

Quando era do ensino fundamental, esperava ansiosamente ser secundarista para poder aprofundar-me no mundo científico, debater os grandes filósofos e suas teorias, estudar a fundo as transformações históricas que dão origem ao nosso mundo, Doce ilusão de criança não é? Mal sabia eu que em pouco tempo teria todos os valores que tanto cultivei resumidos ao ostracismo didático, afinal as aulas de física, matemática e química preenchem a maioria absoluta da matriz curricular e os demais conhecimentos da humanidade, que fiquem nos livros para quem quiser ir atrás.
Nos últimos dois anos em especial a organização dos conteúdos de sala tem reduzido ainda mais minha autonomia de busca do conhecimento.... Fórmulas, contas, números novamente sendo postos cada vez mais acima das pessoas. Mas de que adianta isso? Não valorizar o potencial de cada um, pois todos deviam ter apenas um potencial específico?

De que adiantam tantos números se eles nunca expressarão realmente o que quer dizer 20 pessoas disputando uma vaga em uma universidade pública, 1800 histórias de vida diferentes, emoções, reações, razões, sonhos e motivos diferentes disputando as mesmas 90 cadeiras que devem ser o início de uma nova grande história...? Quando resumem nossas pessoas em núm
eros aumentam o desrespeito pela vida, afinal para alguém que nunca esteve em uma zona de guerra ou viu uma vida ser ceifada por uma bala, saber que no Iraque já morreram mais de 700 mil civis é apenas uma informação triste, pois não consegue dinamizar quantas pessoas morreram em vida com cada uma delas, e nem o quanto de cultura perdemos em cada bombardeio e certamente só se assustam por causa do número de zeros que possui esse número, mas se colocassem essa informação em potenciação nem iriam notar a escrita em uma pagina na internet, um verdadeiro eufemismo...
Quando a vida é lida por números, do jeito que o sistema de ensino nos incentiva a fazer, a realidade fica mais longe de nossa compreensão, afinal não importa se foram 70 mil ou 700mil ou 7, nada justifica os crimes cometidos pelo dinheiro, pelo menos na visão humana... Afinal para os números é válido o massacre tendo em vista os lucros, é a teoria do "Mal Necessário" que eles seguem sem saber da existência. Camarada Stalin, líder da União Soviética durante a segunda guerra disse de forma sábia o que podemos aplicar a este caso. " A Morte de uma pessoa é uma tragédia, a de milhões é estatística!"

Resumidamente, a única filosofia que os numeristas, responsáveis pela desvalorização do senso de humanidade, conhecem é o Macartismo, que prega a caça as bruxas, mas quem são elas neste caso? todos os que se recusam a apenas calcular, a assemelhar-se a máquinas, e incentivam nos demais a busca pelo conhecimento e pela verdade, seja lá qual for ela... Mas como exatamente eles podem calar tantas bruxas? reduzindo as horas tradicionais de estudo destes, de contato com os seus mestes, invadindo seu particular pra os obrigar a reproduzir o conhecimento numerista em horário inicialmente livre, ridicularizar os conhecimentos e nossos valores humanos, incentivando preconceitos e dogmas favoráveis ao sistema.

Mais uma face daquilo que Marx chama de alienação...
Já chegando perto das duas da manhã me da nojo saber que terei de ir ao colégio amanhã cedo para confirmar tudo o que escrevi hoje... Minha única vontade era de me trancar aqui em casa, e apenas, estudar, ter o prazer do conhecimento uma vez mais, o prazer de apenas ser livre para estudar.Daniel Gaspar