segunda-feira, 4 de abril de 2011

A Segunda Gota da Rosa - Justiça no Tejo

 Eu sabia que ele viria... já passavam cinco horas desde que comecei minha vigília... e nada daquele sanguinário.

Por que as ruas de Lisboa tem de ser tão sujas? Parece q estou de guarda ao lado do tietê... maldito Tejo poluído.... não podia perder o foco, ele logo viria, e eu precisaria apenas de uma bala se usasse bem a popular Sniper...

Fausto Calos Fortuna... ou melhor, Major Fortuna, alto, branco, um grande nariz(do tamanho do seu maldito ego), bem um típico madrilenho, reservista do exército espanhol, Treinado pela Cia em 1963 e especialista em tortura... vendeu seus “conhecimentos” a ditadores latinos, monarcas árabes e todos os déspotas ao redor do mundo. Em suas demonstrações tinha o prazer de demonstrar pessoalmente em um cobaia o quão eficiente eram suas técnicas aprendidas com os americanos...Depois da morte de Franco e da democratização espanhola, ele, como bom covarde de dez estrelas, fugiu para Portugal, levando uma vida pacata as margens do tejo, mas viajando o mundo por mais sangue....

Sexta hora se foi... já passam das 23h ele ainda não veio ver suas putas em seu bordel favorito... Senti algo quente correndo próximo a minhas pernas paralisadas. Maldito RATO!, perdia ali o major em sua entrada triunfal a outra noite de prazeres... Esse pequeno momento de desatenção me custaria várias horas a mais de espera em meu esconderijo em um dos milhares de prédios abandonados nas estreitas e coloniais ruas lisboetas.

Restava respirar fundo, tomar um profundo gole do melhor café boliviano e voltar a mira atenta... Mas agora, não poderia dar a ele a morte rápida que Gabriel me pedira... para que dar uma morte rápida a quem fez e faz tantos sofrerem? Não... isso não seria justo, ele precisa sentir o sangue na garganta, ele tem que sentir o ar faltar e se desesperar ao ver a morte viva lhe abraçar sem que ele possa escapar.... Mas também não podia esperar até o amanhecer novamente....

Corri escadas a baixo até uma construção no cruzamento das ruas... subi improvisando os tubos de ferro como escadas, até q eu tivesse visão perfeita da cama que o infeliz normalmente se distraia... Confesso que a arma nas costas dificultava um pouco a locomoção, mas nada que realmente aplacasse o minha ansiedade pelo tiro justiceiro...

Me posicionei no 8° andar...arma em punho, mira ajustada... esperei mais uns 20 minutos, e pela porta entrava o Major Fortuna... Nem poderia supor ele que estava em minha mira...

Calmamente ele tirou o paletó, rindo e falando com a puta como se conhecesse ela ou qualquer pessoa que já tivera passado em sua vida de alguma forma... tirou a gravata, foi abrindo botão a botão da camisa com suas unhas sujas de sangue milenar e dedos porcos...

No quinto botão, meu dedo beijou o metal do gatilho e como num passe de mágica, o amaldiçoado major estava sentindo seu fôlego sair pelo pulmão, sua camisa azul encharcando-se de sangue, e finalmente sangue dele! Como foi delicioso ver ele se contorcer a cada gota perdida, a cada sentimento de asfixia... Tenho certeza que3 naquele momento ele pensou em todos os seus assassinatos e espero que tenha percebido q foi vítima, não da rosa branca, mas sim de si mesmo...!

A Bala cravejada com o desenho da rosa perfurou seu pulmão e o fez contorcer na cama antes do seu próximo gole de uísque 12 anos.

Simples, mais um canalha devolvido ao diabo, pois essa é a Vontade de Deus.

Daniel Gaspar

Um comentário:

  1. Mais uma gota para a Rosa Branca.
    Lembro que no primeiro não tinha tanta informação sobre o alvo, o que não é ruim, a história fica melhor quando há uma névoa de mistério que se dissolve aos poucos no decorrer de cada conto escrito, assim, mostrando devagar as verdadeiras intenções do personagem.
    Nessa segunda parte, por exemplo, o alvo é o Major Fortuna que como descreve o seu carrasco é um especialista em torturas e tinha o prazer em demonstrar pessoalmente suas técnicas em cobaias... como um covarde de dez estrelas fugiu para Portugal... Mostrando esse ponto de vista, o autor revela uma característica de seu personagem, que sua sede de violência é alimentada pelas injustiças cometidas por seus alvos, logo, o dono da rosa branca tem um padrão, escolhe pessoas que cometem atrocidades que a seu ver não são dignas de permanecer no mundo. E nesse conto ele quer vingar a qualquer custo as vítimas do Major Fortuna.
    Interpretações aparte.
    Achei brilhante!!! E como pessoa intrometida que sou já tenho mil é umas idéias para o personagem. Mas deixa esse trabalho para meu amigo Dan, que está sabendo conduzir direitinho a história. Além do mais, estou curiosa para saber qual será a próxima gota da Rosa Branca, ou melhor, quem será?

    HahaHa!!!! (risadinha malvada)

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