quinta-feira, 12 de maio de 2016

Foram-se seis meses em um insight - Rascunho e Democracia.

É curioso perceber quando estamos errados.  Iniciei minhas pesquisas para a monografia acreditando que apesar de todos os delírios golpistas, seriamos uma  republica já matura o suficiente para não cair novamente nos mesmos erros.  Escrevi  em meu blog sobre isto (O Desafio da democracia 10/14) em um momento que inclusive apontei que estes próximos anos seriam decisivos para sabermos o nosso real nível de comprometimento democrático.
            Faltou-me análise histórica. São 127 anos de república, 4 grandes golpes, matematicamente o ponto zero estava chegando. Não percebi.  Cheguei a apostar ao longo da pesquisa monográfica que o maior desafio a ser sepultado era o senso comum.  Ledo engano, infeliz discriminação sofista.  É verdade que Stuka me avisou e Bonavides me lembrou, mas eu –soberbamente – ignorei.  Ignorei que a natureza da construção do Estado, braço armado da elite dominante, ignorei as lições sobre os rastros de todos os golpes desencadeados no Brasil, o uso da instabilidade, do discurso contra a corrupção e inclusive a mudança de regime para que no fundo não se mude a ordem econômica e a estrutura de poder sedimentada ao longo dos séculos.
            Rui Barbosa alertou sobre a necessidade do império das leis. Mas não percebi que o civilismo barboseano não era mero opositor das espadas, como as aulas de história nos fazem crer, o civilismo era uma resposta a cultura da opressão necessária para a legitimação da vontade do Estado/soberano.
            Este não e um golpe isolado na história do Brasil e se for derrotado não poderá ser encarado como o último de nossa jovem república. Este é apenas mais um capítulo da consolidação da cultura dos Golpes.  Trás, inevitavelmente, um déficit incalculável ao projeto de unidade de nação, iniciado pela coalizão do proletariado e da burguesia nacional com o primeiro Governo Lula, voltando a escancarar as divergências entre as classes antagônicas e seus distintos projetos de poder.  Efetivamente este passo já era esperado, mas não como rompimento da ordem democrática, quem tem como consequência direta a recombustão das desconfianças entre as classes, dando ao Brasil de 2016 um ar de Venezuela 1998.

                Por tanto, meu foco estava errado, as dificuldades para a consolidação da democracia brasileira não moram nos conceitos jurídicos de legalidade, liberdade de expressão, participação popular, tolerância, positivismo ou naturalismo. Me parece cristalino que a maior dificuldade está no entendimento do que é democracia, seus ônus e bônus e principalmente na construção da ideologia de Poder para o povo brasileiro e suas elites.  Pode parecer até tupiniquim o que vou dizer, ufânico demais, mas é mas uma questão de Chauí do que Dahl.