Eu Matei … Apontei a arma em direção a sua cabeça e... bom, apenas puxei o gatilho e ele morreu... na mesma hora, no mesmo exato instante, como tantos outros que eu já vi morrer, e que deram seu último grito naquela rua próxima ao porto de Londres, que facilmente confundiria suas histórias e construções com uma outra rua qualquer do porto de Santos, Belém ou Roterdam...
Aquele, pelo menos, não gritou... Aceitou sua morte patética...Patético, como em toda sua existência, falando alto, bebendo e acreditando estar sobre os demais...
Há quem, infantilmente me pergunte se eu me arrependo, se eu sonho com o desgraçado, se sua imagem me atormenta... Normalmente até rio quando me falam disso. A única coisa que sinto quando penso naquela cabeça despeçada, aquele olho roxo e o sangue dele nas minhas mãos é no prazer imenso que sentia a cada golpe e no orgasmo único de te-lo feito respirar pela ultima vez.
Como Foi? Simples... ele estava lá arrogando próximo a mesa de sinuca, como se ela fosse apenas dele,... me aproximei para a partida, ele encostou o taco em meu peito e me ordenou q me afastasse... seu grande erro... virei de costas como se fosse recuar, como já tinha feito enquanto estudava o futuro passageiro da barca ao Hades... Caminhei em direção ao bar, fiz voar a primeira garrafa, mas apenas perto dele, para que ele estivesse perto.. não sou covarde,iria mata-lo com a honra de um porco, mas frente a frente, de maneira justa. Ele pegou seu taco e tentou se aproximar... a segunda garrafada, foi certeira, um arremesso único, perfeito pelo ódio que sentia por aqueles pequenos nos olhos azuis vermelhos de maconha e raiva.
Não precisei de mais de dois socos e um bom chute para tira-lo do bar, me desculpei com o dono do bar, meu amigo, e levei o porco para fora... No beco, só eu e ele, esperei q estivesse pronto, lhe dei uma faca e esperei ele vir... quando veio, um verdadeiro touro, burro , em linha reta, cego pelo ódio e percebendo sua eminente morte chegar.. Desviei da faca e a joelhada em seu rim foi certeira, antes q se ajoelhasse pela dor tirei o seu primeiro dente na noite, nada como um chute bem posto... esperei ele levantar... veio novamente, ignorante e totalmente perdido, .. confesso que desta vez ele abriu um pequeno corte no meu braço, mas pagou com mais dois dentes e seu rosto arrastado no lixo... Ele puxou uma segunda faca... Pensei “ÓTIMO!”.. ele veio novamente, desta vez, como na primeira, preferiu tomar distância, veio como se fosse utilizar seus vários chifres de muitas mulheres infiéis a um panaca, contra mim, e quando estava a menos de dois metros, puxei o .38 de dentro de meu sobretudo chumbo... Apontei para sua cabeça e puxei o gatilho... nunca mais irá incomodar... nem reclamar, nem existir... Eu fiz... Quando a polícia chegar, terá um corpo grande, com falta de dentes, sem cabeça e com minha marca em seu peito... Afinal esta a primeira gota vermelha da Rosa Branca...
É Eu fiz... faria de novo, afinal é meu destino, sou a obra de Deus concebida por ele apenas para tirar da terra os indignos, as suas criações que não seguiram o destino ordenado e ainda trouxeram tristeza e decadência aos que lhe acompanharam. Por isso visitarão o submundo mais cedo... Sendo assim em breve nos encontraremos novamente... Pois a rosa ainda é branca e a Lágrima não existe.
Daniel Gaspar