Os antigos dizem sempre
que a pressa é inimiga da perfeição, que apressado come cru, e que macaco velho
não põe a mão na cumbuca.
Nesta toada Marx virou
parceiro de Hagel, um capoteiro foi conduzi-lo ilegalmente para prestar
depoimentos no Paraná sem ter qualquer ligação com o caso, um ex-presidente que
nunca se negou a depor foi conduzido até congonhas para depor e transformar o
país em uma guerra nas ruas. Talvez nessa última semana a música tema dos Trapalhões – aquele seriado de sucesso daquela emissora que cresceu com seu
apoio a genocidas – poderia ser tocada a cada vez que a Lava-Jato põe suas
mangas pra fora.
Tal sequencia de
caneladas e cruzamentos pitorescos a área adversária buscando um gol de
salvação é a mais pura demonstração do despreparo e do desespero dos que
conduzem a tentativa de golpe no Brasil.
Em nome de um ideal ou de uma formação x parte da oposição brasileira
topa tudo para recriar o clima de instabilidade pré-64. Aceitam impor estado de exceção, discutem
pautas(como a corrupção) onde não tem como se sentir confortáveis pois lhe são
mais ásperas que a seus inimigos.
Utilizam-se do senso comum e de seus poderes legitimados pela república
para enfiar os pés pelas mãos e perderem de vez todas as fichas que possuem
apostadas na mesa.
É um blefe, mas um blefe
de desespero. Porém que nos leva a beira
do Estado de Exceção. Ok, mas o que é
Estado de Exceção?
O filósofo italiano
Georgio Agamben, em um dos estudos mais importantes para a sociologia moderna,
tenta definir conceitualmente e historicamente o que comporta e o que define o
Estado de Exceção. Entre as várias
passagens importantes está à anotação sobre Medidas que caracterizam a atuação do
Estado de Exceção como “a situação
paradoxal de medidas jurídicas que não podem ser compreendidas
no plano do direito, e o estado de exceção apresenta-se como a forma legal
daquilo que não pode ter forma legal”(AGAMBEN, 2004) [1].
Qual o risco real que estas ações inconsequentes trazem a nossa incipiente democracia? O senso comum acreditar que o absurdo é a verdade, reverter a famosa definição de Guevara sobre o conceito de revolução e nos lançar em um mar de ignorância política. Afinal senhores, combatemos uma turba que esconde por baixo de suas joias, viagens, togas, e carros, uma profunda "ignorância ética, social, histórica e cognitiva", como previamente apontara Marilena Chauí.
Não adianta discutir com eles sobre o que é um burguês, sobre o que é mais valia, sobre a diferença básica entre bens de consumo e meios de produção e a sua coletivização, por que eles já não queriam saber disso no ensino médio, imagine agora? Eis a grande contradição da luta de classes hoje, quando a burguesia cansa a classe subalterna lhe revigora, afinal para estes o número de zeros no contra-cheque define a qual classe o indivíduo realmente pertence. Perdoai eles não sabem o que dizem. O Medo da proletarização é maior que o medo da liberdade de quem lhes oprimem.
Enfim como diz o poeta; "Não Existe coisa mais nociva que um idiota de iniciativa".
Trilha Sonora:
[1]
AGAMBEN, Giorgio, Estado de Exceção; tradução de Iraci D. Poleti, São Paulo,
Ed. Boitempo, 2004 (Estado de Sítio), p. 12.