sábado, 19 de março de 2011

A Primeira Gota da Rosa.

 Eu Matei … Apontei a arma em direção a sua cabeça e... bom, apenas puxei o gatilho e ele morreu... na mesma hora, no mesmo exato instante, como tantos outros que eu já vi morrer, e que deram seu último grito naquela rua próxima ao porto de Londres, que facilmente confundiria suas histórias e construções com uma outra rua qualquer do porto de Santos, Belém ou Roterdam...


Aquele, pelo menos, não gritou... Aceitou sua morte patética...Patético, como em toda sua existência, falando alto, bebendo e acreditando estar sobre os demais...

Há quem, infantilmente me pergunte se eu me arrependo, se eu sonho com o desgraçado, se sua imagem me atormenta... Normalmente até rio quando me falam disso. A única coisa que sinto quando penso naquela cabeça despeçada, aquele olho roxo e o sangue dele nas minhas mãos é no prazer imenso que sentia a cada golpe e no orgasmo único de te-lo feito respirar pela ultima vez.

Como Foi? Simples... ele estava lá arrogando próximo a mesa de sinuca, como se ela fosse apenas dele,... me aproximei para a partida, ele encostou o taco em meu peito e me ordenou q me afastasse... seu grande erro... virei de costas como se fosse recuar, como já tinha feito enquanto estudava o futuro passageiro da barca ao Hades... Caminhei em direção ao bar, fiz voar a primeira garrafa, mas apenas perto dele, para que ele estivesse perto.. não sou covarde,iria mata-lo com a honra de um porco, mas frente a frente, de maneira justa. Ele pegou seu taco e tentou se aproximar... a segunda garrafada, foi certeira, um arremesso único, perfeito pelo ódio que sentia por aqueles pequenos nos olhos azuis vermelhos de maconha e raiva.

Não precisei de mais de dois socos e um bom chute para tira-lo do bar, me desculpei com o dono do bar, meu amigo, e levei o porco para fora... No beco, só eu e ele, esperei q estivesse pronto, lhe dei uma faca e esperei ele vir... quando veio, um verdadeiro touro, burro , em linha reta, cego pelo ódio e percebendo sua eminente morte chegar.. Desviei da faca e a joelhada em seu rim foi certeira, antes q se ajoelhasse pela dor tirei o seu primeiro dente na noite, nada como um chute bem posto... esperei ele levantar... veio novamente, ignorante e totalmente perdido, .. confesso que desta vez ele abriu um pequeno corte no meu braço, mas pagou com mais dois dentes e seu rosto arrastado no lixo... Ele puxou uma segunda faca... Pensei “ÓTIMO!”.. ele veio novamente, desta vez, como na primeira, preferiu tomar distância, veio como se fosse utilizar seus vários chifres de muitas mulheres infiéis a um panaca, contra mim, e quando estava a menos de dois metros, puxei o .38 de dentro de meu sobretudo chumbo... Apontei para sua cabeça e puxei o gatilho... nunca mais irá incomodar... nem reclamar, nem existir... Eu fiz... Quando a polícia chegar, terá um corpo grande, com falta de dentes, sem cabeça e com minha marca em seu peito... Afinal esta a primeira gota vermelha da Rosa Branca...

É Eu fiz... faria de novo, afinal é meu destino, sou a obra de Deus concebida por ele apenas para tirar da terra os indignos, as suas criações que não seguiram o destino ordenado e ainda trouxeram tristeza e decadência aos que lhe acompanharam. Por isso visitarão o submundo mais cedo... Sendo assim em breve nos encontraremos novamente... Pois a rosa ainda é branca e a Lágrima não existe.


Daniel Gaspar

7 comentários:

  1. É, mais um dia que seacaba e outra noite que começa não? Uma profundidade sinistra, parabéns Dan, ficou fantástico

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  2. Como Pai fiquei preocupado com o Texto, porém conhecendo o filho sensível que tenho, você me lembrou Augusto dos Anjos e Schopnhauer. Mas acredito que a Violência dos Ternos é pior do que a Urbana. Viu a postura do Palloci na visita do Obama, perto da Dilma? Só quem perdeu foram os Francenildos... Quanto maior o nível de corrupção em uma sociedade, e o Brasil continua sendo um péssimo exemplo mundial, maiores serão as Faces das Violências Institucionais que assim continuam a legitimar e adubar o Jardim das Flores Brancas, Amarela e Vermelhas de nosso refúgio imaginário poético.

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  3. Nossa...eu sei que voce é do mal, mas nao achei que era tanto... Oo
    Hehehehe.
    Que nada amor, o texto tá ótimo e eu te amo ^^

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  4. Foi genial o modo como um autor conseguiu descrever os sentimentos do personagem de forma realística, toda aquela sensação de ódio e sede de violência.
    Não há nada de errado em escrever uma história assim, além do mais, não é isso que os autores e atores fazem? Entram fundo na psique de seus personagens e os constroem de acordo com suas características predominantes.
    Só um escritor de verdade consegue explorar os variados tipos de personalidade, seja de um assassino vingativo, um louco desvairado ou um cleptomaníaco. E o senhor Daniel conseguiu expressar brilhantemente a personalidade de um assassino que se imagina justiceiro, ou seja, ele escolheu um personagem arriscado e por isso merece todo o crédito.
    Como pessoa estou surpresa e como amiga orgulhosa.
    Parabéns continue escrevendo, pois está muito bom.

    PS: Eu sabia que iria falar muito.
    Bjs Dan!

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