sábado, 10 de novembro de 2012

Violões não tem coração.

Meia luz atrapalha os solos... Sempre falo isso para os donos desses bares mas eles parecem não ouvir.

É interessante estar aqui em cima, posso ver os dois playboys brigarem lá atrás por causa do rabo de saia de uma vagabunda e ainda sorrir quando ambos são retirados pelo Renato - um negão de uns 20 x10 metros- e pelo Paulinho - magrelo, baixote faixa-preta de jiu-jitsu-, nossos queridos seguranças...
Daqui de cima, vejo os homens que levam fora, vejo os primeiros bêbados que caem... vejo a guria que canta o barman... Enfim, Vejo o melhor da noite enquanto afino minha guitarra.  Bom eu vejo tudo até o momento que começo a tocar... ai brother, foda-se quem ta lá em baixo, estou em pleno gozo com meu primeiro amor... suas curvas marrons amareladas, sua voz tomam todo o espaço.  Podem beber, brigar, me xingar e inclusive não me pagar, pois eu estou aqui, com o meu amor...

Confesso que já tive vontade de participar  e já participei das brigas, mas pra que?  Pelo calor da emoção do conflito com dois desconhecidos?  Foi numa dessas que eu a vi...  Quem?  Não faço a mínima ideia, só sei que ela sorria, só sei que vestia preto, que usava um pingente de pimenta, que seu cabelo era curto e seu olhar era tudo que eu queria... não aquela noite, mas nesta vida....  Lembro da sua pele clara, seus dedos escondidos na sapatilha tamanho 37, do jeito infantil no corpo de mulher e o ar de superioridade típico de quem sabe o tom da música que ouve.  Lembro do timbre da voz dela... bom pelo menos eu acho que era dela, ao menos o canto dos anjos combinava com seu jogar de mãos ao céu e o ritmo do balançar de seus cabelos....

Nesta noite perdi um dente, ganhei uma briga e nunca mais a vi...talvez ela esteja por ai em outro bar, encantando outro guitarrista dizendo pra ele o que ela nunca disse pra mim... bom o que é fácil já que não trocamos nenhuma palavra...  Enfim Sigo aqui, neste bar que hoje tem muito mais dela do que de mim, tocando meu primeiro amor como se fosse apenas isto a vida toda e esperando pelo seu primeiro descompromissado "Oi...".

3 comentários:

  1. é massa, mt diferente do que eu ja tinha visto vc escrever,,,continue,,, quero ver oq mais vc vai escrever,,,

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Ok, eu realmente direi o que senti por esse conto.

    Quero roubá-lo. :p
    Eu sei que é tolice, ninguém consegue roubar história nenhuma da cabeça de um autor, mas pode acreditar que por um momento tive essa história para mim, simplesmente porque consegui dar vida a ela, na minha cabeça.
    Tive a visão do músico olhando o bar, pude até sentir o cheiro da nicotina dos cigarros e aquele cheiro de álcool, típico de bar (que diabos eu disse aqui...sentir o cheiro do álcool...RsRsrs... eu sempre soube que era maluca, mas hoje tirei meu atestado, continuando...), entendi a paz do músico ao tocar seu violão.
    E então a parte prefeita... tchã nã... Não sei em sua cabeça Senhor escritor, mas na minha foi pura mágica, imaginei a cena completa dele levando a maior surra e de repente ele a vê, e a surra continuando, mas na cabeça dele, não existe mais o barulho do bar ao seu redor, não há importância alguma se ele está levando soco ou batendo, o som das brigas fica cada vez mais baixo até o inaudível, tudo que importa é a imagem dela e cada detalhe que ele tenta absorver do jeito, vestimenta... (o pingente de pimenta foi sensacional =D) e pude imaginar a cara dele ensanguenta, mas com um singelo sorriso aparecendo no canto da boca, revelando o feliz deslumbramento que ele sentiu por ela.
    E por fim, o desfecho lindamente triste, pois ele desejou tê-la para vida toda, porém nada aconteceu. E talvez, depois daquela noite, quem sabe, ele apenas voltou para seu velho amor, o violão.

    Por que você escolheu assim? Por que eles não deram nem um “oi”? Porque apesar disso o texto ficou bonito?! o.O
    Pois digo, que na vida real isso é uma droga, uma angustia e só a arte transforma tristeza em beleza. Sabe-se lá o porquê.

    Na verdade acho que consegui roubar o seu conto, por um tempo ao menos.
    Depois de ler fiquei imaginando e acrescentando coisas do meu jeito, mas se realmente eu for parar pra pensar foi o seu conto que roubou minha mente.
    Será que essa é mágica do escritor, roubar nossa mente com histórias ao mesmo tempo que nos deixa pensar que somos nós que estamos criando tudo?
    Se for, que espertinhos, não?!

    Só digo uma coisa: Que venha o próximo! =D

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