Antes de qualquer cosia
quero advertir que este não é um texto de científico, apenas um simples e
singela opinião. O título também não é
meu, porém creio que seja o modo mais simples de resumir o que irei expor.
Entende-se a mais de dois
séculos que a sociedade humana se constrói a partir da luta de classes
antagônica pelo poder, uma delas, a opressora e a outra a oprimida e desde
sempre o direito teve como principal tarefa humanizar as relações de opressão,
como já advertia Helling. A elite e a
plebe sempre disputaram espaço, por vezes utilizando-se do Direito e outras
apenas sendo respaldados pela própria ignorância.
Mas o que faz a Elite ser
Elite? Bom, deste os tempos da Grécia antiga,
ateniense e espartana, isso não mudou. A
elite goza do direito ao Ócio, ao tempo livre, para se dedicar as guerras,
consumo, lazer, família, educação, política.
Com o avanço da luta de classes o povo chegou até o ócio também, direitos
trabalhistas, 8h de cargo-horaria de trabalho diário, descanso remunerado, no
Brasil o 13° Salário, férias... enfim. A
elite por sua vez viu neste momento a chance de poder arrochar a exploração
sobre o trabalhador e com os baixo salários praticados, logo o tempo de ócio do
trabalhador virou uma nova carga-horaria, emprego, para assim ampliar a renda
familiar baixa, fruto de uma educação pública de péssima qualidade, da ausência
do Estado na garantia dos direitos fundamentais de cada trabalhador, saúde,
segurança, infra estrutura. Dois
empregos, sem folga, é um modo de conseguir dar aos seus filhos uma qualidade
de vida que eles não tiveram, ou seja, ter acesso aos bens de consumo da
burguesia. Ostentar um pouco mais que um churrasco na laje do barraco.
O Capitalismo faz seus
algozes, diria o velho barbudo, e assim o fez.
Construiu uma geração de jovens que veem a ostentação como um direito de
todos e não apenas da burguesia e seus carrões, e essa juventude invadiu os
shoppings. Repetindo o que fizeram os
olhos da classe média e os filhos da burguesia e inventaram seu próprio Flash
Mob, ma ao invés de músicas em inglês, cantaram o funk, a sua realidade e a
realidade que desejavam ter. Fizeram a
sociedade lembrar que existe uma juventude que não está na televisão, mas que
pelas mesmas faltas de oportuniaddes de seus pais está ralando pra sobreviver e
tem orgulho disso. São mais que
estoquistas, atendentes, garçons, manobristas, operadores do luxo e do ócio
burguês, são seres humanos de sonhos e que não podem mais esperar para viver o
amanhã incerto, precisam do hoje. Afinal
quem se acostumou a correr pra sobreviver, tem pressa em ser feliz.
Arma em punho contra dois milksheiks. |
Neste momento histórico, a
classe-média, explorada pela burguesia e aburguesada por ignorância,
esqueceu-se completamente que não é detentora dos meios de produção, que em
julho do ano passado apanhou nas ruas junto com esses jovens e tratou de
criminalizar sua existência. Sua conduta, sem nem entender o que estava diante
de seus olhos, e novamente fez o serviço sujo da burguesia em exigir a imediata
expulsão desses jovens do tradicional território das classes de consumo, agindo
irracionalmente, vestida de racismo e de toda ilusão elitista possível.
“Mas os caras foram lá pra
roubar, gritar e fazer baderna, shopping não é lugar disso”, disse um
oleoso. Aos fatos, maioria absoluta dos roles
que ocorreram com as portas do comercio abertas nada NENHUMA OCORRÊNCIA foi
registrada pela segurança local, ainda mais, nos que por um acaso tiveram
problemas o número de ocorrências, foi Igual ao de um dia normal. Ou seja
efetivamente não trouxeram ao shopping nada mais além do eu a juventude da
periferia, um lucro na praça de alimentações e tanto de funk para o ouvido
daqueles que só ouvem Sertanejo Universitário e realmente se acham superiores e
grandes letristas, admiradores da bela poesia “AS BALADERA”.
Outro recheado de frango
disse então: “ MAS O ESTABELECIMENTO É PRIVADO E SE O DONO NÃO QUISER NÃO ENTRA”. Ledo engano jovem, se fores estudante de
direito, largue tudo e volte ao primeiro semestre. A além dos direitos fundamentais de Ir e Vir,
direito de manifestação e todos os princípios que regem o direito brasileiro e
que são positivados em nossa constituição a Lei de crimes raciais de 89, proíbe
tal conduta. Versam os arts 1° e art.
5°( olha que coincidência?) da lei 7.716/89.
“Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei,
os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia,
religião ou procedência nacional.
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a
estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou
comprador.”
Sugiro inclusive que nós da Pontifícia Universidade Católica do Paraná marquemos um Rolê, no shopping Curitiba, e levaremos nossas baterias e cantaremos todas as nossas música, Quem irá nos censurar como o que foi feito com esses garotos? E antes que digam "Mas somos universitários e não bandidos" pergunte a si mesmo quantos traficantes também estudam em nossa universidade com todo o direito que tem?
Enfim, pelo Direito do Pobre de dar um Rolê, que haja Egalité, fraternité e
liberte.
Daniel
da Costa Gaspar
Acadêmico
5° Período C - Noturno
Diretor
de Movimento Estudantil do CASP e membro da União da Juventude Socialista.
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- blogspot.com/politicanoturna.