sábado, 1 de fevereiro de 2014

Egalité, fraternité liberte, pelo direito do pobre de dar um Rolê.





Antes de qualquer cosia quero advertir que este não é um texto de científico, apenas um simples e singela opinião.  O título também não é meu, porém creio que seja o modo mais simples de resumir o que irei expor.
Entende-se a mais de dois séculos que a sociedade humana se constrói a partir da luta de classes antagônica pelo poder, uma delas, a opressora e a outra a oprimida e desde sempre o direito teve como principal tarefa humanizar as relações de opressão, como já advertia Helling.  A elite e a plebe sempre disputaram espaço, por vezes utilizando-se do Direito e outras apenas sendo respaldados pela própria ignorância. 
Mas o que faz a Elite ser Elite?  Bom, deste os tempos da Grécia antiga, ateniense e espartana, isso não mudou.  A elite goza do direito ao Ócio, ao tempo livre, para se dedicar as guerras, consumo, lazer, família, educação, política.  Com o avanço da luta de classes o povo chegou até o ócio também, direitos trabalhistas, 8h de cargo-horaria de trabalho diário, descanso remunerado, no Brasil o 13° Salário, férias... enfim.  A elite por sua vez viu neste momento a chance de poder arrochar a exploração sobre o trabalhador e com os baixo salários praticados, logo o tempo de ócio do trabalhador virou uma nova carga-horaria, emprego, para assim ampliar a renda familiar baixa, fruto de uma educação pública de péssima qualidade, da ausência do Estado na garantia dos direitos fundamentais de cada trabalhador, saúde, segurança, infra estrutura.  Dois empregos, sem folga, é um modo de conseguir dar aos seus filhos uma qualidade de vida que eles não tiveram, ou seja, ter acesso aos bens de consumo da burguesia. Ostentar um pouco mais que um churrasco na laje do barraco.
O Capitalismo faz seus algozes, diria o velho barbudo, e assim o fez.  Construiu uma geração de jovens que veem a ostentação como um direito de todos e não apenas da burguesia e seus carrões, e essa juventude invadiu os shoppings.  Repetindo o que fizeram os olhos da classe média e os filhos da burguesia e inventaram seu próprio Flash Mob, ma ao invés de músicas em inglês, cantaram o funk, a sua realidade e a realidade que desejavam ter.  Fizeram a sociedade lembrar que existe uma juventude que não está na televisão, mas que pelas mesmas faltas de oportuniaddes de seus pais está ralando pra sobreviver e tem orgulho disso.  São mais que estoquistas, atendentes, garçons, manobristas, operadores do luxo e do ócio burguês, são seres humanos de sonhos e que não podem mais esperar para viver o amanhã incerto, precisam do hoje.  Afinal quem se acostumou a correr pra sobreviver, tem pressa em ser feliz.
Arma em punho contra dois milksheiks.
Neste momento histórico, a classe-média, explorada pela burguesia e aburguesada por ignorância, esqueceu-se completamente que não é detentora dos meios de produção, que em julho do ano passado apanhou nas ruas junto com esses jovens e tratou de criminalizar sua existência. Sua conduta, sem nem entender o que estava diante de seus olhos, e novamente fez o serviço sujo da burguesia em exigir a imediata expulsão desses jovens do tradicional território das classes de consumo, agindo irracionalmente, vestida de racismo e de toda ilusão elitista possível.
“Mas os caras foram lá pra roubar, gritar e fazer baderna, shopping não é lugar disso”, disse um oleoso.  Aos fatos, maioria absoluta dos roles que ocorreram com as portas do comercio abertas nada NENHUMA OCORRÊNCIA foi registrada pela segurança local, ainda mais, nos que por um acaso tiveram problemas o número de ocorrências, foi Igual ao de um dia normal. Ou seja efetivamente não trouxeram ao shopping nada mais além do eu a juventude da periferia, um lucro na praça de alimentações e tanto de funk para o ouvido daqueles que só ouvem Sertanejo Universitário e realmente se acham superiores e grandes letristas, admiradores da bela poesia “AS BALADERA”.
Outro recheado de frango disse então: “ MAS O ESTABELECIMENTO É PRIVADO E SE O DONO NÃO QUISER NÃO ENTRA”.  Ledo engano jovem, se fores estudante de direito, largue tudo e volte ao primeiro semestre.  A além dos direitos fundamentais de Ir e Vir, direito de manifestação e todos os princípios que regem o direito brasileiro e que são positivados em nossa constituição a Lei de crimes raciais de 89, proíbe tal conduta.  Versam os arts 1° e art. 5°( olha que coincidência?) da lei 7.716/89.
“Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador.”                

Sugiro inclusive que nós da Pontifícia Universidade Católica do Paraná marquemos um Rolê, no shopping Curitiba, e levaremos nossas baterias e cantaremos todas as nossas música,  Quem irá nos censurar como o que foi feito com esses garotos?  E antes que digam "Mas somos universitários e não bandidos" pergunte a si mesmo quantos traficantes também estudam em nossa universidade com todo o direito que tem?

Enfim, pelo Direito do Pobre de dar um Rolê, que haja Egalité, fraternité e liberte.


Daniel da Costa Gaspar
Acadêmico 5° Período C  - Noturno
Diretor de Movimento Estudantil do CASP e membro da União da Juventude Socialista.

Facebook.com/danujs - blogspot.com/politicanoturna.

Um comentário:

  1. Eu concordo plenamente, independente das questões de violência ou de furtos e etc, pelo direito de ir e vir. Uma minoria nao pode manchar o direito das demais

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