sábado, 12 de março de 2016

Rascunho: O Estado de Exceção, Marx e Hagel, a Ignorância de Classe e Matanza

Os antigos dizem sempre que a pressa é inimiga da perfeição, que apressado come cru, e que macaco velho não põe a mão na cumbuca.
Nesta toada Marx virou parceiro de Hagel, um capoteiro foi conduzi-lo ilegalmente para prestar depoimentos no Paraná sem ter qualquer ligação com o caso, um ex-presidente que nunca se negou a depor foi conduzido até congonhas para depor e transformar o país em uma guerra nas ruas. Talvez nessa última semana a música tema dos Trapalhões – aquele seriado de sucesso daquela emissora que cresceu com seu apoio a genocidas – poderia ser tocada a cada vez que a Lava-Jato põe suas mangas pra fora.
Tal sequencia de caneladas e cruzamentos pitorescos a área adversária buscando um gol de salvação é a mais pura demonstração do despreparo e do desespero dos que conduzem a tentativa de golpe no Brasil.  Em nome de um ideal ou de uma formação x parte da oposição brasileira topa tudo para recriar o clima de instabilidade pré-64.  Aceitam impor estado de exceção, discutem pautas(como a corrupção) onde não tem como se sentir confortáveis pois lhe são mais ásperas que a seus inimigos.  Utilizam-se do senso comum e de seus poderes legitimados pela república para enfiar os pés pelas mãos e perderem de vez todas as fichas que possuem apostadas na mesa.
É um blefe, mas um blefe de desespero.  Porém que nos leva a beira do Estado de Exceção.  Ok, mas o que é Estado de Exceção?
O filósofo italiano Georgio Agamben, em um dos estudos mais importantes para a sociologia moderna, tenta definir conceitualmente e historicamente o que comporta e o que define o Estado de Exceção.  Entre as várias passagens importantes está à anotação sobre Medidas que caracterizam a atuação do Estado de Exceção como “a situação paradoxal de medidas jurídicas que não podem ser compreendidas no plano do direito, e o estado de exceção apresenta-se como a forma legal daquilo que não pode ter forma legal”(AGAMBEN, 2004) [1].

Qual o risco real que estas ações inconsequentes trazem a nossa incipiente democracia? O senso comum acreditar que o absurdo é a verdade, reverter a famosa definição de Guevara sobre o conceito de revolução e nos lançar em um mar de ignorância política.  Afinal senhores, combatemos uma turba que esconde por baixo de suas joias, viagens, togas, e carros, uma profunda "ignorância ética, social, histórica e cognitiva", como previamente apontara Marilena Chauí.

Não adianta discutir com eles sobre o que é um burguês, sobre o que é mais valia, sobre a diferença básica entre bens de consumo e meios de produção e a sua coletivização, por que eles já não queriam saber disso no ensino médio, imagine agora?  Eis a grande contradição da luta de classes hoje, quando a burguesia cansa a classe subalterna lhe revigora, afinal para estes o número de zeros no contra-cheque define a qual classe o indivíduo realmente pertence.  Perdoai eles não sabem o que dizem.  O Medo da proletarização é maior que o medo da liberdade de quem lhes oprimem.

Enfim como diz o poeta; "Não Existe coisa mais nociva que um idiota de iniciativa".
Trilha Sonora:




[1] AGAMBEN, Giorgio, Estado de Exceção; tradução de Iraci D. Poleti, São Paulo, Ed. Boitempo, 2004 (Estado de Sítio), p. 12.

2 comentários:

  1. Sempre coerente.
    Aguardando os próximos capítulos dessa enrascada

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  2. Sempre coerente.
    Aguardando os próximos capítulos dessa enrascada

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